E é também o país onde mais jovens acedem à Internet sem qualquer supervisão, correndo todos os riscos associados a este comportamento.
Este estudo, apresentado na Universidade Nova, é mais um alerta para os riscos da iliteracia digital: «É necessário um olhar particular para os familiares adultos que estão arredados do acesso e uso da Internet.»
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Portugal é o país da União Europeia onde mais jovens têm computador portátil e mais acedem à Internet a partir do quarto, um comportamento que os expõe a riscos, como acesso a sites impróprios ou conversas com desconhecidos.
Estes dados constam de um estudo europeu, hoje apresentado na Universidade Nova em Lisboa, que alerta também para a falta de competências das crianças para a utilização da Internet e dos próprios educadores para as acompanhar e ensinar.Read more at www.publico.pt
Segundo o estudo, baseado num inquérito realizado em 25 países europeus, Portugal lidera nas crianças com portáteis, 65 por cento, contra 24 por cento da média europeia.
Ana Nunes de Almeida, investigadora do Instituto de Ciências Sociais, assinalou que “Portugal entrou tarde na modernidade, mas a penetração da Internet nos lares portugueses foi vertiginosa”.
Mas a maior preocupação prende-se com a tendência de utilização do computador no quarto, outro aspecto em que Portugal lidera, com 67 por cento, contra os 49 por cento europeus.
Ana Nunes de Almeida sublinha o paradoxo: os pais querem tirar as crianças da rua para as protegerem dos perigos e dos predadores e “fecham-nas em ‘playgrounds’ digitais onde as crianças fazem a viagem que lhes apetece pelo mundo virtual infindável”.
“Será um sinal de individualização e autonomia concedida pelos pais ou o resultado do fosso geracional brutal que há em Portugal em que os pais são excluídos?”, questiona, mostrando-se inclinada a acreditar na segunda opção.
Rita Espanha, investigadora do ISCTE, concordou com a teoria do fosso geracional, lembrando que há um elevado número de crianças que são as únicas utilizadoras de Internet em casa.
Este é um problema que conduz a outro: a falta de formação dos pais. Como frisou Rita Espanha, a pouca formação dos educadores leva-os a associar a utilização da Internet ao trabalho escolar e aceitam a sua utilização no quarto.
“São pais que não sabem controlar, nem como controlar, e o domínio é das crianças”, afirmou.
Graça Simões, da UMIC, agência para a sociedade do conhecimento, considera que importa “controlar”, não no sentido de proibir, mas de “orientar o uso”, tal como se faz para ensinar a atravessar as estradas.
“O mais importante é fazer um esforço visando a população em geral, familiares e professores. É necessário um olhar particular para os familiares adultos que estão arredados do acesso e uso da Internet. Temos que olhar para esta população como educadores e não fechar a área de intervenção olhando só para as crianças”, afirmou.
A formação foi, aliás, a tónica dominante do debate, com a coordenadora nacional do estudo, Cristina Ponte, a lembrar que o programa Magalhães teve um papel de peso no acesso das crianças ao computador e à Internet, mas que “a aquisição de conhecimentos foi desvalorizada”.
“É preciso transformar o acesso em conhecimento. O conhecimento não brota naturalmente das teclas. A utilização das crianças é fundamentalmente facebook, jogos e busca e cópia de informação para os trabalhos de casa”, declarou a investigadora, destacando a necessidade de “puxar as crianças para a informatização”.
Como exemplos refere uma utilização da Internet mais criativa, construtiva e de escrita, como por exemplo a criação de um blog.
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